quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Eu vi os comunistas em SP: são jovens e cantam A Internacional


Havia muita gente, a quadra estava lotada de gringos e também de comunistas brasileiros. E o que me surpreendeu: havia muita gente jovem!
A imprensa tradicional tenta passar a imagem de que essa história de comunismo é papo de "dinossauros", de militantes velhos que têm saudade dos tempos da Guerra Fria. Isso não é verdade. Pelo menos, levando-se em conta o que eu vi no encontro internacional de São Paulo.
Claro que também havia por lá muita gente de barba (afinal, os comunas mais antigos não abrem mão do velho estilo) e cabelos brancos. Mas, os jovens eram a maioria. E os mais empolgados quando, ao fim do ato público, todos se puseram de pé pra cantar A Internacional: "De pé, ó vítimas da fome...".
Outro fato que me chamou atenção foi a temática, vinculada a temas bem contemporâneos. Na mesa do encontro, por exemplo, havia um representante paraguaio, da frente de esquerda que levou Fernando Lugo ao poder. Havia também um senador do MAS boliviano. Os dois não falaram em materialismo dialético, nem em marxismo-leninismo. Mas, na importância dos movimentos indígenas na América Latina, e em como essas lutas indígenas se articulam com os partidos de esquerda.Claro que não faltaram as homenagens aos ídolos tradicionais da esquerda, como Che Guevara, Ho Chi Min e o brasileiro João Amazonas...
O PCdoB fez o papel de anfitrião do encontro. Mas, também participaram - como convidados - outros partidos brasileiros como PDT, PSB e PT. Aliás, os dois representantes do Partido dos Trabalhadores (Arlindo Chinaglia e Walter Pomar) falaram sobre os "avanços" trazidos por Lula, mas curiosamente pareciam se desculpar diante da platéia ao falar do governo: "É um governo amplo, não é um governo de esquerda", disse Pomar; "apesar de muitos méritos, é um governo com insuficiências", lembrou Chinaglia.
"Insuficiências", parece-me, tem a defesa do Vasco da Gama. Ou o ataque da Portuguesa. O problema do governo Lula parece-me ser outro...
Durante o encontro, os estrangeiros foram mais benevolentes com Lula. Um deles chegou a colocar o brasileiro entre os que ajudam a América Latina a avançar rumo à superação do capitalismo... Acho que o cara nunca ouviu falar em Henrique Meirelles, nem na fusão da OI com a Brasil Telecom...
A não ser que isso tudo seja uma tática camuflada para acirrar as "contradições internas" do capitalismo brasileiro. Mas, este já é outro assunto...

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